Sob a retórica de democratização e inserção de grandes massas estudantis e trabalhadoras no ensino federal, temos assistido a um forte processo de expansão que afeta toda a rede dos antigos CEFET´s, hoje Institutos Federais. Em Alagoas, até o ano de 2009, o IFAL se constituía de 4 unidades, hoje são 11 e, como já anunciado na terceira fase de expansão, em 2012 seremos 15 unidades na terra dos caetés. Esse processo tem origem desde o mandato do presidente Lula que combina princípios e políticas econômicas de ordem neoliberal com políticas de verniz social, caminhando em paralelo os interesses envolvidos entre governo, grandes empresas e elites locais. Tal processo expansivo faz emergir diversas expectativas do imaginário popular – imaginário que, comumente, anseia pela conquista de uma formação educacional em busca de melhores condições de vida. Porém, consentem aos alagoanos o presenciar dos efeitos do atual modelo de expansão que não é atravessado por suportes elementares para a estruturação de uma educação de qualidade. A expansão da rede federal de ensino tem sido apoiada e caracterizada no improviso de suas instalações com os “campi” funcionando sem laboratórios e muitas vezes em instalações insalubres, na carência de profissionais (técnicos e docentes), na precarização das condições e das relações de trabalho. Há também o latente sucateamento material, uma vez que as próprias unidades antigas – como Maceió – funcionam com laboratórios defasados, sem restaurante para assistir toda a comunidade acadêmica e com toda ordem de problemas em suas instalações físicas. Não foi por acaso que tivemos a deflagração de greve na rede de ensino federal, tais como dos técnicos e dos docentes da educação profissional, num contexto de amplas mobilizações de categorias do funcionalismo público federal. Categorias de trabalhadores que são alvo constante de projetos de lei que congelam salários, atacam sua estabilidade e flexibilizam direitos. A greve deve ter sua importância destacada pelo seu caráter didático. O estado de greve evidencia os conflitos que no cotidiano são velados, implícitos. Da mesma forma, revela os mecanismos burocráticos que monopolizam as tomadas de decisão e aponta que o poder e a força dos trabalhadores estão em sua capacidade política e de mobilização. Atravessamos um momento histórico que favorece a emergência de concepções danosas a respeito da greve – uma das ferramentas mais essenciais ao movimento popular – que é atacada senão judicialmente, moralmente, em seu cotidiano. Nesse sentido, a greve e a luta social são criminalizadas e constrangidas por mecanismos burocráticos e por valores sociais que germinam das próprias condições reinantes hoje na sociedade e se traduz na defesa abstrata de �direitos individuais�, diluindo os interesses de classe que estão por trás de cada discurso. Faz-se necessário construir um movimento sindical que possua posição de protagonismo desde as suas bases, onde o sindicato e suas direções desenvolvam influência educativa e que possam contribuir gradualmente na organização e mobilização de uma base social forte e aguerrida. Um sindicalismo que saiba representar e traduzir as lições que resultam das experiências e fatos da vida cotidiana, muito mais rica que todos os discursos doutrinários reunidos, tomando parte ativa e solidária na vida de todos os trabalhadores que desejam lutar pela melhoria de sua situação. Um sindicalismo combativo que acumula força frente ao Estado, na organização, na participação e na ação direta, para colher os frutos do combate às condições degradantes de vida. Criar uma tradição de luta sindical é fundamental para que as experiências de luta possam ter continuidade e que gere acumulo de força. Que a luta sindical no âmbito do IFAL possa inaugurar novos e mais ousados passos. Resistência Popular - Comitê Sindical
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